José Maria Martins

Blogue do advogado José Maria Martins

sábado, novembro 08, 2008

A Ministra da Educação mais valia estar calada - Uma visão caciquista da actividade política

Mais uma vez os professores mostraram o seu descontentamento face ao Governo , no caso concreto sobre o modelo de avaliação dos professores.
Perante o descontentamento de mais de 100 mil professores a Ministra da Educação foi à televisão dizer : "As manifestações servem para fazer chantagem sobre as escolas e os professores que estão a favor da avaliação".
Creio que as palavras são exactas , mas se houver alguma discrepância é de uma ou outra palavra sem alterar o sentido.
O Governo não tem o mínimo pudor em afrmar que mais de 100 mil professores manifestam-se para fazer "chantagem"!
Desgraçado Povo que tem estas pessoas a dirigir os destinos nacionais. Só no tempo em que o caciquismo fazia escola um Ministro se atreveria a ofender os professores desta forma tão bizarra.
Esta conduta do Governo é de baixa política. Tem como característica essencial a total ausência de respeito devido aos cidadãos.
A soberba, a arrogância, a falta de sentido de Estado e de serviço público ,dão que pensar.
Não sou professor mas fere ouvir um Ministro - que parece que foi professora do ensino primário - tecer considerações, abusivas, injustificadas, anti-democráticas como o fez a Ministra da Educação.
O PS tem um discurso na Oposição e outro no Poder. A luta política não justifica estã dualidade de comportamento. É uma questão de cultura política, de vivência democrática, de respeito pelos direitos dos cidadãos e uma imagem da vida politica mesquinha, provinciana, demagoga.
Portugal necessita de uma limpeza geral.
A única solução seria a União Europeia impôr um governo em Portugal nomeado pela Comissão Europeia e redefinir o sistema político, o sistema judicial, o sistema educativo.
Nada de mal, ou não foram prestar vassalagem a Napoleão, em Bayonne, muitos notáveis portugueses, quando Napoleão mandou invadir Portugal e a corte fugiu para o Brasil?
Ou uma operação como a feita pelos EUA no Japão, depois da 2ª Grande Guerra Mundial. Alterar as estruturas, criar novas mentalidades, modificar o homem português.
O Governo enterra a cabeça na areia e mostra à saciedade que Portugal tem um ADN eivado de virus do passado, de uma cultura de despotismo, de caciquismo, de clientelismo que perdura desde sempre.
Portugal desde 1580 perdeu qualquer poder na Europa tendo as suas estruturas sido moldadas para ter trato com indígenas, nas sete partidas do Mundo.
Todavia, as relações com Estados mais evoluídos foram sempre marcadas pela dessincronia política com o resto do Mundo e sobretudo na Europa, indo sempre na cauda de todos os movimentos políticos e sociais que emergiam em França e em Inglaterra e que foram o motor do desenvolvimento.
Desde as tendências artísticas, ao desenvolvimento das ciências, aos modelos políticos que na Europa tornaram obsoleto o "Ancien Regime", Portugal esteve sempre à margem.
Sentado no trabalho escravo, nas especiarias da India, no ouro do Brasil ,nos diamantes do Brasil, depois no algodão , no açucar e no café, nos minerais de Angola, Portugal perdeu o combóio da Europa, até nas questões militares, sendo inumeráveis as vezes que Portugal teve de ceder perante as esquadras holandesas, britânicas, francesas, espanholas, que ao mínimo conflito lá vinham para junto do Tejo mostrar que Portugal era um tigre de papel .Portugal cedeu sempre.
Mas manteve os usos e costumes feudais até hoje, assentes no desprezo pelo cidadão, nas relações de poder de grupos.
O caso BPN , as desculpas do Governador do Banco de Portugal , a teia de envolvidos ,que abrangerá transversalmente vários partidos, é apenas mais um caso de aproveitamento da "vaca da política" para mamarem até caírem para o lado, sem ética, sem vergonha, sem honra.
Ao mesmo tempo que José Sócrates diz que o computador "Magalhães" é português, os estrangeiros riem-se dos liliputianos portugueses, que não têm voz na Europa nem no Mundo.
Alexandre O´Nill tem um poema muito próprio ao caso: "engravatado todo o ano, e a assoar-se na gravata, por engano".