José Maria Martins

Blogue do advogado José Maria Martins

quinta-feira, dezembro 27, 2007

A Mensagem de Natal do Primeiro Ministro

José Sócrates endereçou aos portugueses uma Mensagem de Natal.
A Mensagem pode dividir-se em dois blocos:
1º A Presidência Portuguesa do Conselho Europeu, em que se louvou;
2º Política interna ,em que se louvou.
Quanto à Presidência Portuguesa da "União Europeia" há que dizer que José Sócrates esteve bem. No entanto, esse " bom desempenho" não se ficou a dever exclusivamente a Portugal e à sua capacidade negocial ou outra. A União Europeia tem interesses e os estados mais poderosos só aceitam "negociar" se lhes for assegurado tudo o que querem.
A Presidência Portuguesa foi a continuação da Presidência Alemã e todos os dados estavam lançados. A Alemanha, a França, a Itália, a Espanha e vários outros paises da União tinham interesses vitais a defender.Defenderam-nos!
Nomeadamente o relançamento das relações económicas com África.
Só o Reino Unido ficou à margem, dados os problemas no Zimbabwe.
Na Política Interna, José Sócrates e o seu Governo NÃO TÊM QUALQUER MOTIVO PARA SE SENTIREM BEM.
Nunca em outro Governo os Portugueses sofreram tantas restrições nos seus direitos:
- Na saúde com o encerramento de centros de saúde e maternidades;
-A maior vergonha que um povo pode sofrer que é de obrigar as suas mulheres a irem dar à luz, fazer o parto a Espanha.
- Desemprego galopante;
- Emigração galopante;
- Os alunos portugueses serem uns dos mais mal preparados da União Europeia;
- A perda de influência real em Angola, com este país a enviar os alunos para o Reino Unido e para o Brasil, desviando os investimentos para o Brasil, para Espanha, para o Reino Unido, nomeadamente a aquisição de imóveis;
- A falta de convergência com os países mais desenvolvidos da União e sermos ultrapassados pela esmagadora maioria dos outros parceiros europeus.
- A falta de formação bruta de capital fixo, isto é, o investimento produtivo em fábricas, na agricultura, nas pescas.
- O combate ao défice foi feito não pelo aumento de riqueza e produtividade, mas pelo desinvestimento, paralisando a nossa economia;
- Mesmo o "crescimento económico" anunciado assenta na conjuntura internacional, na mão de obra barata.
- A taxa de "crescimento económico" fica muito aquém da dos outros parceiros europeus, DIVERGINDO PORTUGAL, ou seja, os outros crescem mais, aumentam a riqueza mais, melhoram os indíces de bem estar, ficando para Portugal as migalhas.
- Na Justiça já ninguém acredita. Os portugueses não acreditam no sistema, que cada vez mais é desenhado e redesenhado para a defesa de interesses bem concretos dos que mandam em Portugal.
Quem percorre o País como eu faço, de comarca em comarca, de Norte a Sul e Ilhas apercebe-se que a desertificação do interior significa pobreza, miséria.
Portugal assemelha-se cada vez mais a um deserto com auto-estradas. Há auto estradas mas não há agricultura, indústria, serviços, esperança.
É um esqueleto a que falta o nervo - gente - e a carne , isto é as condições de desenvolvimento.
Os concelhos do Interior de Portugal estão sem capacidade, sem condições para a retoma. Os jovens fogem para o estrangeiro ou para o Litoral, os velhos para junto dos filhos e netos , no Litoral.
Um Portugal onde cada vez há menos população é como um carro a que se vá retirando potência. Arrasta-se até parar.
Portugal está parado.
À CUSTA DO SACRIFÍCIO DOS PORTUGUESES.
A situação é má de mais para ser verdade.
Não há esperança em Portugal.
O Governo falhou em todos os domínios, pois não conseguiu fazer as reformas necessárias , de forma harmoniosa, equilibrada.E era possível agir de forma mais justa e equilibrada, sem tanos sacrifícios para os portugueses.
Mesmo na questão do Novo Aeroporto só o facto de José Sócrates querer alguma acalmia durante a Presidência Portuguesa da União Europeia, e a sociedade civil se ter mobilizado, pagando estudos, levou a que a OTA deixasse de ser um dogma e o mais razoável, Alcochete, passasse a ter força.
José Sócrates não tem motivos para estar contente.Os portugueses seguramente têm DIREITO A MAIS E MELHOR, a novas políticas , racionais, ambiciosas, que nos façam convergir e não divergir, assistindo a que todos nos ultrapassem, ficando nós cada vez mais próximo do carro vassoura.

Há que mudar de políticas e de políticos, pois os actuais estão gastos, sem ideias, sem capacidade, sem ambição, sem força e com uma inacreditável passividade perante o sofrimento do nosso Povo.

A BEM DA NAÇÃO!