José Maria Martins

Blogue do advogado José Maria Martins

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Mortos e feridos em acidentes de viação

A quantidade assustadora de acidentes de viação, de feridos e mortos tem de merecer uma reflexão profunda.

Há que indagar as causas profundas desta realidade.

Hoje já temos uma rede viária aceitável. Portugal mudou e no sector das rodovias há uma melhoria enorme. Há auto-estradas por todo o lado. Os Itenerários Principais, os Itenerários Complementares, são já muito bons.

Porquê então tantos acidentes, mortos, feridos?

Creio que em primeiro lugar é responsável a cultura do vinho, do álcool.E cultura no sentido de educação social para a bebida.

Portugal é um iumenso vinhedo. Há vinhas de norte a sul. Um português que se preze tem a sua vinha privada!!! Umas oliveiras, uns milhos, mas umas cepas!!!

O Governo permite que haja painéis nas estradas , com sucessivas indicações sobre os vinhos: A Rota dos Vinhos do Alentejo; A Rota dos Vinhos do Oeste; a Rota dos Vinhos do Ribatejo, etc,etc.

Em França há painéis sobre gado, maçãs, castelos, zonas turísticas, montanhosas, cereais. Em Portugal é sobre vinho! Só sobre vinho!

Este é o verdadeiro causador. Os portugueses conduzem frequentemente embriagados .

Vinho, cerveja, bebidas brancas. Português que se preze bebe com fartura!!!!

Poucos podem atirar a primeira pedra. Eu próprio já cometi excessos. Esta realidade tem de ser combatida.

Outra das razões consiste numa falta de cultura cívica, falta de cuidado, de civismo na estrada.

A velocidade excessiva é causadora de muitas mortes, aliada à falta de experiência de condução.

O novo-riquismo tem também uma quota parte de responsabilidade nesta catástrofe.

Muitos miúdos conduzem carros potentes. A adrenalina própria da idade, o "picanço" nas estradas, contribuem.

Não há sanções que parem este cenário.

Tem de ser uma nova abordagem civica. Uma maior exigência no ensino da condução, uma limitação da cilindrada dos carros por anos de experiência.

Na estrada qualquer distracção é fatal. O olhar para o rádio, o olhar para o telemóvel, mesmo com sistema de mãos livres, tudo pode ser fatal.

E é confrangedora esta situação. Tantas vidas destruídas, tantas famílias afectadas. Tantos portugueses estropiados para toda a vida.

Por aqui também se vê o nível de desenvolvimento do País. É um grande indicador. Estamos ao mais baixo nível, como se os Deuses nos tivessem condeando para sempre à mediocridade.

Basta! Temos de parar isto!

O Governo deveria pagar publicidade nas TVs com mensagens das quais resulte que conduzir "a abrir", que "beber demais" não é sinónimo de maturidade, de masculinidade, de grandeza. Não se é homem por beber álcool.

Bom Ano Novo.