José Maria Martins

Blogue do advogado José Maria Martins

terça-feira, outubro 03, 2006

Os Vendilhões do Templo

Portugal é lameiro total.

Portugal está pervertido. Os vendilhões do Templo foram expulsos por Jesus e refugiaram-se em Portugal. Chico Buarque cantava em 1974 que o Brasil era um imenso Portugal...

Era, de esperança.Mas faliu!

Hoje Portugal é um imenso lodaçal.

Por 20 dinheiros vendem-se os poderes.Nada está mais actual que a obra de Camilo Castelo Branco, "A queda de um anjo".

Aconselho a todos os portugueses a lerem. Uma obra impar de critica social, à corrupção , à venalidade, ao obscurantismo do Portugal oitocentista.

A Obra parte e assenta no "anjo" o Morgado de Agra de Freimas, homem culto e virgem.

No Parlamento foi a voz celeste contra a corrupção dominante, contra o Portugal que ainda hoje vive e revive nos esquemas, no compadrio e na devassa dos valores.

Lido à luz da entrevista de Souto Moura ganha novas luminosidades, nova cintilação, parecendo a via lactea!!!

Disse Sua Excelência o senhor deputado Calisto Eloi de Silos e Benevides de Barbuda:

"Quer o ilustre deputado saber o que eu vejo? É a industria agrícola de Portugal devorada pelas fábricas do estrangeiro:é o funcionário público prevaricado, que se desbarata; é o julgador dos vícios e crimes sociais transigindo com os criminosos ricos, para poder correr parelhas com eles em regalias; é a mulher de baixa condição prostituida para poder realçar pelos ornatos sua beleza; é a aluvião de homens inábeis que rompe contra os reposteiros das secretárias pedindo empregos e conjurando nas revoluções , se lhos não dão. O que eu vejo, Sr. Presidente , são sete abismos, e à boca de cada um o rótulo dos sete pecados capitais que assolam a Babil´
ónia.".

(...)

"Desviei-me algum tanto, Sr. Presidente. Vou chegar-me à questão e concluir. porque a hora me não permite delongas, nem a Câmara terá a benevolência de mas tolerar."

"Invoco a atenção dos representantes do País para a mortal peçonha, que vai cancerando , o maquinismo vital da nossa independência.Rédeas ao luxo! Tranquem-se as alfândegas às drogas estrangeiras. Carreguem-se de direitos as mercadorias que incitam o apetite e pervertem as condições melhormente morigerandas. Vistamo-nos do que podemos colher das nossas possessões e do estofo que nossas fábricas podem dar. Sigam-se as leis velhas do último rei da dinastia de Avis. Coimem-se e castiguem-se os que venderam tecidos estrangeiros e os que os puseram em obra.

Um deputado - Como redigirá o ilustre deputado semelhante absurdo de lei?

O orador - Como redigirei? Facilmente. Como D. João II legislou a respeito das mulas dos frades. Ora aconteceu que os frades teimaram em cavalgar mulas, Que fez então o estomagado rei? Deu sentença de morte aos ferradores que ferrassem as mulas dos frades. E o caso foi que os desmontou.".

Afinal ontem e hoje a mesma corrupção!