José Maria Martins

Blogue do advogado José Maria Martins

sábado, setembro 30, 2006

Processo Casa Pia - Falsos moralismos

A entrevista do ainda Procurador-Geral da República ao jornal "O Sol" deveria ser lida por todos os portugueses. E ter a devida repercussão no estrangeiro.

É dificil acreditar na lisura de procedimentos dos politicos portugueses depois de ler a entrevista.

É impossível não sentir vergonha da praxis política em Portugal.

O que Souto Moura conta é que antes de se saber que as vitimas o eram de pessoas com poder em Portugal ,a lógica era a de pedir a pena de morte para os abusadores dos "rapazes".

Quando se conheceram os arguidos, os rapazes já não contavam!!!

A lógica do Poder é a de proteger os mais poderosos, os políticos. Os rapazes da Casa Pia já não contam.

O Poder Político manobrou tudo isto para esvaziar o processo. Que importam os filhos de um Deus menor? Que importa o "Bibi"? Apesar de este ser um produto da Casa Pia?

Importava salvar as aparências, os políticos, os senhores que têm padrinhos na Maçonaria, nos Partidos!

A Justiça andou a reboque dos interesses dos poderosos.


Diz Souto Moura:

"Mas devo dizer que quando o caso eclodiu, vi o país levantar-se de norte a sul vociferando que era preciso fazer justiça, doesse a quem doesse, como se se tivesse aberto a porta do inferno.Curiosamente, quando apareceram nomes de pessoas conhecidas no processo, ninguém mais quis saber dos rapazes.As vitimas foram esquecidas e ficou tudo concentrado noutro lado.".

e acrescentou:

"Por exemplo as intervenções do então bastonário dos advogados surpreenderam-me. Não me lembro de nenhuma a falar das vitimas; era sempre os atropelos, as violações de direitos do arguido e coisas desses género.".



É impossivel não sentir vergonha deste estado de coisas. Começamos a compreender aqueles que já falam em golpe de estado.

Isto está podre. Há muita gente que se vende por dinheiro e interesses.

A moralidade cristã, a doutrina cristã foi deitada de pernas para o ar.

O Parlamento Europeu e o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem têm de ser chamados a pronunciar-se.

Há que levar tudo isto para o estrangeiro e trabalhar para que esta podridão seja varrida, para que estas mentalidades medievais sejam expurgadas e para que quem conscientemente decide contra direito seja punido.

Só com denúncia no estrangeiro é possível acreditar em alterações.

Há toda uma cambada que deve ser corrida.