José Maria Martins

Blogue do advogado José Maria Martins

quarta-feira, agosto 30, 2006

Um Mário Soares sem Rumo

Mário Soares foi um péssimo Primeiro Ministro.

A herança aí está: Um Portugal ao seu antigo estilo, isto é, periférico, pobre, na última carruagem - apesar do fortissimo apoio da União Europeia e das remessas enormes dos emigrantes - com a economia nas mãos dos espanhóis, todos os sectores fundamentais, desde os bancos aos seguros, desde a agricultura ao comércio, até ao sector energético, com a entrega aos espanhóis , via MIBEL. A Jangada de Pedra no seu explendor!

Nunca Portugal apostou na Energia Nuclear! Os suiços têm 5 centrais nucleares! Mas claro, os suiços são parvos, mais os franceses, os alemães, os ingleses, os espanhóis com 10 Centrais Nucleares!!!
Nós é que somos espertos! Portugal vai salvar o mundo da ameaça nuclear e nós vamos todos para o Céu, Portugal em peso, todos!!!

Mário Soares nunca teve uma ideologia bem definida. O Socialismo Democrático nem é comunismo nem social democracia. Ou melhor, foi comunismo no 11 de Março e no aplauso do PS às nacionalizações.Foi social democracia quando se encostou aos americanos, a Frank Carlucci, a Kissinger, e ao CDS no célebre governo PS/CDS! Quando os cartazes diziam: " A Europa está Connosco".

Mário Soares foi levado ao colo para o Poder. Sem ideias precisas sobre Portugal, seu desenvolvimento e afirmação na Europa e no Mundo, Mário Soares navegou junto à costa: Foi à boleia dos militares mais esquerdistas e colaborou numa descolonização sem honra nem acrescento. Depois fez o óbvio, foi a correr pedir a adesão de Poutugal à CEE. O guarda-chuva económico.

O que fica de Mário Soares para a História? Um Portugal Amordaçado pela miséria, pelo subdesenvolvimento - as barracas de lata, os bairros de lata só no final da Década de 1990 acabaram - um Portugal que não consegue crescer e acompanhar os outros. Andamos ao pé cochinho atrás dos outros países europeus.

Mário Soares tem grandes culpas nesta situação.

O seu perfil , a falta de definição ideológica, a falta de capacidade de gestão política é bem patente na carta que Jaime Gama lhe escreveu , datada de 14 de Outubro de 1972, cujo excerto se transcreve:

"Quanto ao nosso grupo, que quer que lhe diga? Que ele existe? Seria mentir. Que ele não existe? Seria traí-lo. Os nossos amigos não são socialistas. São sobretudo jacobinos. (...) A qualquer programa põem reticências, ao mínimo esforço lançam dúvidas, ao mais modesto projecto retribuem com evasivas, sabotam por todas as formas e feitios.(...) V. (você) sofre o exílio por uma causa que V. (você) próprio a cada momento faz mudar derumo. Ontem foi a liberalização e o Harold Wilson, hoje é o Brejnev e a luta armada. Onde irá V. (você) acabar? Creio que mudanças de orientação tão profundas e tão bruscas só revelam inconsistência e falta de sentido político."

Na data Mário Soares estava no estrangeiro, exilado, e Jaime Gama afastou-se das lides políticas, escrevendo a Mário Soares a tecendo duras críticas ao comportamento deste, nomeadamente às opções tácticas.

Depois do 25 de Abril , os americanos e a Europa não deram o devido valor a Sá Carneiro, apostados que estavam em levar, ao colo, Mário Soares para o poder.

Infelizmente ,Portugal não tem os políticos competentes que outros países têm. Tudo é amadorismo e egoísmo, numa lógica grupal, medieval, que faz sorrir de desencanto os nossos parceiros europeus.