José Maria Martins

Blogue do advogado José Maria Martins

quinta-feira, abril 27, 2006

O Discurso de Cavaco Silva no 25 de Abril

A VERGONHA NACIONAL

O Sr. Presidente da República fez um discurso que não pode deixar ninguém indiferente.

Mas há que agir, há que fazer, há que passar das palavras aos actos.

Cavaco Silva pôs o dedo na ferida.Muito bem, mesmo quando disse que a discussão tem de deixar de ser e relação aos benefícios que a classe política tem. Ou seja a discussão sobre os injustificados mais de 25.000 Mensais que recebe o Governador do Banco de Portugal, e outras prebendas aos milhares de euros mensais, que recebem tantos e tantos por meia dúzia de anos de exercício de cargos públicos.

Portugal não aproveitou as virtualidades da Democracia para se desenvolver, modernizar e democratizar.

Portugal tem pobreza a mais e responsabilidade a menos. Há demasiados pobres. Demasiados excluídos, demasiada emigração, demasiada corrupção.

Os que têm estado no Poder não se conseguiram libertar do espírito de grupo, de capelinhas. Foi um fartar vilanagem.

Os negócios públicos foram assaltados , os rios de dinheiro da União Europeia foram para o bolso de novos e velhos ricos.

As assimetrias regionais, as bolsas de subdesenvolvimento cresceram. Tirando o litoral, o país está pobre , envelhecido, sem horizontes para jovens e para idosos. Nas grandes cidades do litoral há centenas de milhares de escravos laborais que vivem no limiar da pobreza, tantas vezes de forma envergonhada, pobreza envergonhada.

Os detentores do poder político atiraram-se ao bolo como gato a bofe.

Venderam o país aos interesses de Espanha: Bancos; Seguros, turismo, transportes, comunicação social, agricultura, pescas, construções.

Muitos dos que hoje estão no poder, há 20 e poucos anos , nada tinham! O PS foi o grande arregimentador de novos ricos. Agora vivem em apartamentos de lux, em urbanizações de luxo, até ali para os lados de Sintra.

Dividiram cargos e poder político. Recebem os dividendos.

Mas foram aprendizes, são aprendizes de políticos.Conduziram o país para o descrédito internacional e para as franjas da Europa.

Na Europa e sobretudo em Espanha, o nível de vida cresce.

Espanha enriqueceu. Espanha soube fazer como ninguém a transição do fascismo para a Democracia e aproveitou os fundos comunitários.

Os políticos espanhóis têm sentido de Estado. Espanha soube elaborar um rendilhado de autonomias, de governos regionais, desenvolvendo harmoniosamente as várias regiões e dando dimensão internacional ao Estado .

Os políticos portugueses têm o sindroma da pobreza. Logo que há algo - leia-se os fundos comunitários - atiraram-se à "comida" à bruta, enriquecendo eles em primeiro lugar - como o leão faz em relação às presas - e só deixaram migalhas.

O que um político português almeja é dividir o bolo dos subsídios , mesmo que seja através de chorudas reformas antecipadas, de milhares de euros, logo a partir dos 38 - 40 anos, para gozar o resto da vida.

O País fenece.

O compadrio, a corrupção a todos os níveis, são os coveiros da democracia e desenvolvimento.
A inoperacionalidade e subversão e submissão do poder judicial ao poder político e económico, deu total imunidade aos ricos e poderosos.

Estes políticos são fracos. Na União Europeia e no Mundo somos mal vistos. Somos vistos como pedintes de mão estendida a quem a única esperança que resta é receber fundos da União Europeia e ter a possibilidade de emigrar para a Suiça, a Irlanda, o Reino Unido, as Bermudas, a Venezuela, o Canadá os States, e incompetentes.

Por onde anda a Democracia?

A culpa é nossa que não somos capazes de nos unirmos e dar um murro na mesa, ainda que seja através de uma revolução!!!

A 4ª República e já, com o sentido de destronar este tipo de política de papagaios de janela, que muito falam mas nada fazem em prol do País.

Creio que Pacheco Pereira mais uma vez vai atacar os blogues. Esta forma de comunicação está a ganhar foros de grande relevância. Mas Pacheco Pereira não pode negar que as cantigas de escárnio e maldizer já eram muito importantes no tempo de D. Dinis!