José Maria Martins

Blogue do advogado José Maria Martins

terça-feira, agosto 02, 2005

A Procissão a Belém/Eu também me vou candidatar

Até Freitas do Amaral se oferecer para ser o candidato da "esquerda" , o dossier "Presidenciais" estava adormecido.

António Vitorino não quis ser o candidato do Partido Socialista, como já não quisera ser candidato a secretário-geral do PS.

Cavaco Silva fazia ouvidos de mercador aos apelos do PSD e ao apoio , expresso, de Pedro Santana Lopes no congresso do PSD , em Barcelos no mês de Novembro último.

De um momento para o outro Mário Soares disse que estava disponível, o que equivalia a dizer que será candidato. Manuel Alegre ficou nas covas, como se diz em gíria futebolística.

Hoje, dia 02 de Agosto de 2005 Mário Soares teve uma audiência com o Presidente da República para falar de presidenciais. A ida de Mário Soares foi amplamente anunciada e divulgada nos órgãos de comunicação social.

Depois de muitas vozes se terem erguido para censurar essa audiência, ficaram os portugueses a saber que, afinal Cavaco Silva também tinha ido , hoje mesmo , encontrar-se com Jorge Sampaio, para falar de presidenciais!!!

Mais uma vez a velha raposa foi mais inteligente que Cavaco Silva. Mário Soares não tem receio da comunicação social, sabe fazer campanha, propaganda política. Cavaco Silva não quis que se soubesse antes!!!

Mário Soares quis ir a Belém, anunciou aos portugueses que ia. Fartou-se de rir quando começou a ouvir as críticas dos que pensavam que ele, Mário Soares, ia e tirava dividendos dessa visita ou audiência, porque Cavaco Silva nunca iria pedir uma audiência a Jorge Sampaio.

Mas Mário Soares e Jorge Sampaio nunca cometeriam tamanha imprudência, ou seja , beneficiar a candidatura de Mário Soares recebendo-o em exclusividade. Porque sabiam que iria ser aproveitado pela Direita.

Mário Soares tirou duplamente beneficios. Anunciou a visita através dos media. Tirou partido da precipitação dos opositores e colocou Cavaco Silva na dupla desvantagem : não tirou quaisquer dividendos políticos da audiência e viu ainda alguns seus apoiantes a darem rajadas de tiros nos pés quando criticaram Mário Soares. Agora ou criticam também Cavaco Silva ou calam-se face ao rídiculo da situação.

Para mim nem Cavaco Silva nem Mário Soares são os candidatos que Portugal necessita. Mário Soares é muito idoso. Cavaco Silva está demasiado autoritário. A "procissão a Belém" não ficou bem nem a Cavaco Silva nem a Mário Soares. A conversa a ter lugar deveria ser fora do Palácio de Belém. Jorge Sampaio ficou mesmo em posição dificil porque a partir daqui qualquer novo candidato a Belém tem o direito de lhe pedir audiência, porque a eleição presidencial é de cidadãos e não de partidos. Belém vira Fátima!!!

É necessário sangue novo. É necessário que Portugal tenha como Presidente da República um homem na casa dos 40/50 anos. O País tem desafios enormes pela frente. Há que sair dos últimos lugares na Europa. A construção europeia exige um Presidente da República que não seja mera figura de estilo. Um PR dinâmico, um cidadão que possa dar um contributo positivo para a modernidade de Portugal. O nosso sistema é semipresidencialista pelo que o PR deve ser mais que um mero corta fitas ou alguém que organiza presidencias abertas.

O PR em Portugal deve ser mais activo na influência sobre as políticas do Governo. Cada órgão de soberania está obrigado a respeitar a separação de poderes, mas o PR não pode deixar de ser também responsável pela boa ou má governação do país, como flui da Constituição.

Sinceramente creio que é tempo de outras caras. É tempo de alternativas que não passem só pelos partidos políticos.

E, em boa verdade, estou a pensar em me candidatar a Presidente da República. É tempo de alguém de fora se apresentar aos portugueses, apoiado pelos portugueses, pelas cidadãs e pelos cidadãos,que ano após ano sabem que Portugal se vai afundando. Sempre com os mesmos políticos profissionais, com as mesmas linhas políticas, com as mesmas propostas.Sabem os portugueses que cada dia se vive pior em Portugal, cada vez mais os políticos faltam à verdade e às promessas feitas, às vezes de forma tão infantil e arrogante que é díficil dizer que os portugueses são esclarecidos nas campanhas eleitorais.

Estou a ponderar candidatar-me .Tenho orgulho na minha história pátria; Tenho sentido de Estado; Tenho capacidade e força para lutar por causas; Tenho uma firme, uma fortissima vontade de contribuir para que Portugal seja respeitado no contexto das nações; Tenho sentido de solidariedade com os trabalhadores por conta de outrem , com a classe média que tão mal está; Tenho respeito para com os pequenos, médios e grandes empresários e grupos económicos portugueses, sem os quais Portugal não pode competir internacionalmente , modernizar-se, ser outra vez grande, muito grande como já foi.

A riqueza é um bem que todo e cada um dos portugueses deve poder atingir, com igualdade de oportunidades e com o apoio do Estado, através de uma educação para a excelência.