José Maria Martins

Blogue do advogado José Maria Martins

quinta-feira, abril 14, 2005

Vem cá Baltazar Garzon

Lisboa, 14 de Abril de 2005

O meu querido Portugal está doente

Na escola primária - de 1964 a 1968 - aprendi a amar a minha pátria, na pluricontinentalidade, e fui ensinado que Portugal era um grande país. Desde os caminhos de ferro, as linhas, em Portugal Continental e nas provincias ultramarinas , rios, serras, culturas, industrias, tudo estudavamos quanto às nossas provincias ultramarinas.
Macau, Timor, tudo era nosso. O meu coração enchia-se de orgulho. Eramos os maiores. Pequenos mas com grandes, como hei-de dizer? Bom, não digo, todos sabem o que quero dizer.
A idade e a revolução deram-me novos horizontes.
Afinal nem tudo estava bem.

Depois de 30 anos de regime democrático verifico que os mesmo defeitos que noDepois de 30 anos de Estado de Direito Ds fizeram , ao fim e ao cabo, ser pequenos continuam.
A inveja, o domínio de meia duzia contra todos os outros, a corupção e o tráfico de influências minam Portugal.
Que pobres são os nossos maiores!!!

A Espanha democrática é um pais cada vez maior e nós cada vez mais pequenos. Que tristeza!
Porque a corrupção mina tudo. O amiguismo, a pertença a um grupo secreto tolda o espírito de muitos, torna-os uns parasítas e o motivo da nossa pobreza, intelectual e racional, crónica.

Quando está em causa um pato bravo qualquer, só porque tem dinheiro e é membro da associação A ou B, é o maior. Que interessa que seja corruptor.É irmão!

Em Espanha o regime político permite que a lei seja forte. A corrupção, o terrorismo são combatidos. Espanha é um grande Estado Democrático.

Baltazar Garzon - esse grande magistrado, magistrado que deve ser louvado - tem encetado um combate imenso contra o crime. Os grandes de Espanha dobram-se perante a Lei. Baltazar Garzon tem a lei e o poder político a dar-lhe força no combate à criminalidade.

Políticos, empresários, todos vão parar à prisão. Baltazar Garzon honrou a Espanha e fez com que Pinochet fosse preso no Reino Unido.
Baltazar Garzon é um magistrado a sério, não é um vendido por duas prebendas, por três mordomias, não está nas mãos da Opus Dei nem da Maçonaria.

Baltazar Garzon é um magistrado no sentido biblico, imparcial e isento, forte.
Mas é o Poder Político que em Espanha tem de estar de parabéns. Grande país, grande regime.

Mas, atenção, eu sou pela independência do País Basco, da Catalunha e da Galiza. Povos que têm o direito a ser independentes, como nós portugueses somos, mas sempre pela via pacifica


Em Portugal há muitos aprendizes, vendidos, corruptos, sem vergonha na cara.

Tenho pena de o dizer porque tenho um conflito com Espanha por causa da chamada "Questão de Olivença", mas tenho que reconhecer que Portugal caminha para o abismo, tenho vergonha do nosso sistema e de muitos que vivem à custa da majedoura do Estado, a armar aos cucos, mas que são vendidos, corruptos, que nos prejudicam. Porque são os piores, porque por um prato de lentilhas e duas piscadelas de olho dos políticos se vendem.

Quero já dois clones de Baltazar Garzon e muitos clones de José Maria Aznar e de Zapatero, para povoar o Portugal político de homens bons e fortes. E quero já!

Vem cá Baltazar Garzon. Gosto de ti pelo que és na luta contra a corrupção, o tráfico de influências.

Em Portugal já nem advogado independente se pode ser. Que miséria franciscana! Está tudo podre. Vamos sacudir a pressão. Todos os advogados jovens devem agir segundo as mais lidimas normas éticas, com coragem, porque o sistema tem de mudar, está putrefacto. A Ordem dos Advogados que copiou, literalmente, o regulamento de publicidade espanhol, até nas expressões, deve agora copiar o sistema ético espanhol e já!
A Ordem dos Advogados deve ser imparcial e isenta e proibir que os advogados que não são advogados nos casos deles não falem, a não ser como falou o Dr. Rogério Alves, institucionalmente e sem discutir as incidências do caso concreto.